segunda-feira, 16 de novembro de 2009

"oncotô??? poncovô???"

Um querido professor na pós graduação nos dizia para fezermos sempre essa pergunta ao pensarmos em nossos projetos: "Oncotô? Poncovô?", assim mesmo, desse jeito engraçado... De um jeito que nos lembrássemos sempre de ter claro de onde partíamos e aonde queríamos chegar. Assim ficaria mais fácil traçar o percurso...

Hoje, meio sem saber por onde começar a responder e dar conta de tantas demandas - de trabalho, de casa, da família, da vida... - essa pergunta surgiu de novo, talvez na tentativa de me "localizar", mas confesso que está um tanto complicado respondê-la. Com tantas mudanças nesses últimos meses, com tantas perdas e ganhos, novos caminhos a minha frente, e, ainda assim, às vezes parecendo um beco sem saída...


Aí, me veio o Chico Buarque, com sua "Roda Viva", de protesto, muito além desse meu "descaminho pessoal", mas que encaixou direitinho no sentimento que me abateu estes dias, "nas voltas do meu coração"...

Onde estou e para aonde vou? Vou rodando, nessa roda gigante da vida, que hora empaca, hora segue macio... e me perdoem o clichê...

Segue o Chico (Grande!!!):

Roda Viva

(Chico Buarque)


Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu...
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá ...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...
A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...
A roda da saia mulata
Não quer mais rodar não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou...
A gente toma a iniciativa
Viola na rua a cantar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a viola prá lá...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...
O samba, a viola, a roseira
Que um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou...
 No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a saudade prá lá ...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...